Guilherme Tâmega

Quarenta anos de praia

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Guilherme Tâmega à vontade em Pipeline, North Shore de Oahu, Hawaii. Foto: Bruno Lemos / Lemosimages.com.

Tenho o prazer de trazer uma “mega” entrevista, no mês em que o “mito” completou 40 anos: Guilherme Tâmega (GT). Um dos atletas mais vencedores do bodyboarding, bem como da história do esporte nacional: seis vezes campeão mundial, seis vezes vice-mundial, seis vezes campeão brasileiro, duas vezes campeão do ISA Games e por aí vai…

 

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É um desafio fazer uma entrevista inédita com esta fera, mas vamos procurar fazer um consolidado de sua carreira, falar de histórias, família, vitórias e derrotas.

 

Guilherme, meu jovem… 40 anos! Quem diria… E ainda dando esse trabalho pra garotada… imagina com 50, ainda mais experiente? Quando olha pra trás, nos idos de 1985, naquele primeiro Redley em Itacoatiara (GT ficou em segundo na Júnior, perdendo para Paulo Esteves), você imaginava que o bodyboarding se tornaria sua vida?

Não… Nunca imaginei! Acho que com quase todo mundo é assim: a coisa começa como diversão e com os resultados, toma conta de sua vida! Deus me deu o talento e, graças a ele, eu soube aproveitar isso com muita disciplina e profissionalismo desde cedo.

 

Você construiu um estilo próprio de surf, haja vista seus 360º e El Rollos voadores, que são característicos. Como foram lapidadas essas manobras? Houve influência de alguém no seu estilo? No seu início, quem eram suas referências no Brasil e fora?

Meu estilo aconteceu naturalmente, perante a minha leitura de onda e radicalidade, algo que sempre tive como prioridade. Nunca tive influência ou referência em minha maneira de “bodybordiar”, mas sim, tive influência do meu pai e do Xandinho, para ser um lutador! Lá fora, minha influência foi o Mike Stewart, em querer ganhar dele! Somente isso.

 

E como surgiram os primeiros patrocinadores?

Os pais do dono da marca de roupas Quebra Mar, marca conhecidíssima daquela época (anos 80), eram meus vizinhos. Daí, foi só uma questão de apertar a campainha e coragem. Tenho certeza que ele nunca se arrependeu em me dar aquele patrocínio! (risos)

 

Você, desde moleque, sempre foi o “garoto-propaganda” do bodyboarding: brincalhão, articulado, com bons patrocínios. Naquela época de amador, as marcas te pagavam salários? Quando você realmente começou a viver do bodyboarding?

Com um ano de bodyboarding, já ganhava uma ajuda de custo. Com 16 anos, já ganhava um salariozinho legal, suficiente para ter uma “independência” dos meus pais. Desde os 16 anos eu não parei mais.

 

Qual a equipe de que você fez parte sente mais saudade? Por que?

A primeira vez a gente nunca esquece, né? Pela Quebra Mar, fiz parte da melhor equipe do Brasil (irmãs Nogueira, Xandinho, Kiko Pacheco, Tatiana Van e Marcelo Madeira). Graças à Quebra Mar eu tive a honra e o prazer de fazer parte da vida do Xandinho e do Kiko Pacheco, que foram caras que nunca mais esquecerei.

 

Xandinho foi o cara mais espetacular que eu conheci na minha vida. Até hoje eu sinto que ele está presente no meu dia a dia, de alguma maneira, e a única coisa que não completa a minha carreira de sucesso foi a ausência física dele… Fico triste de o Xandinho não estar aqui para ver o que seu aprendiz fez nas competições… e até hoje, imagino como seria diferente o esporte aqui e no mundo, com a presença dele. Obrigado, mestre por tudo que você me ou! E eu sei que você esta aí, com o Luisinho Kiko Pacheco, feliz nesse momento.

 

Você era o “xodó” da turma e muitos naquela época já lhe apontavam como futuro campeão mundial (Vide previsão do Xandinho em entrevista para a Fluir Bodyboarding em 87). Como você lidava com essa pressão ou naquela época você nem sabia o que era isso" data-r4ad-mobile>