Juliana Frare

Primeiro tow-in em Maresias

Mãe de quatro filhos e surfista desde criança, Juliana Frare mergulha no universo das ondas grandes e estreia no tow-in nas ondas de Maresias, São Sebastião (SP).

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Juliana Frare, jornalista e mãe de quatro filhos, viveu recentemente um marco em sua trajetória no surfe: seu primeiro tow-in nas ondas de Maresias, São Sebastião (SP). Embora não tenha sido a primeira mulher a praticar a modalidade no pico, a experiência representou uma conquista pessoal profunda e transformadora.

Local do Guarujá (SP) e com as idas e vindas no surfe desde a infância, Juliana sempre carregou a modalidade como uma ferramenta de equilíbrio pessoal. Mas foi ao se lançar no universo do tow-in que reencontrou um novo significado para sua paixão, como um convite à superação, à vulnerabilidade e ao recomeço.

A técnica, que exige que o surfista seja rebocado por um jet ski, vai muito além da adrenalina. Envolve estratégia, segurança, entrega e um preparo físico e mental de alto nível — especialmente para quem equilibra esse desafio com a rotina da maternidade, sendo também mãe atípica, e uma carreira profissional.

Naquela manhã, Juliana e suas amigas, as bodyboarders Luisa Abreu e Dadá Oliveira, saíram do Guarujá em direção a Maresias sem saber exatamente o que iriam encontrar. O swell prometia, mas a incerteza ainda pairava. Durante o caminho, uma mistura de expectativa e insegurança tomou conta. “Não sabíamos se ia rolar, se as condições estariam boas ou até se teríamos coragem. Estávamos indo no escuro, mas com o coração aberto”, lembra.

Ao chegar no pico, o cenário surpreendeu: ondas perfeitas, sólidas e com um tamanho que deu frio na barriga. Era o tipo de dia que poderia intimidar qualquer um — mas também o tipo de dia que convida à superação. Foi nesse momento que Juliana decidiu: era hora de encarar. “Tive amigas incríveis ao meu lado naquele dia. Elas me ajudaram a focar em tudo que trabalhei até aqui e me deram a coragem que eu precisava”, revela.

Acompanhada do piloto Flávio Medeiros, local experiente e que conduziu a sessão com
precisão e segurança. A parceria e a conexão dos dois, foi essencial para que ela se sentisse preparada e segura para encarar o desafio de frente. “Acho que, por mais que a gente tenha experiência, o medo nunca deixa de existir, especialmente em locais tão desafiadores como Maresias e estar acompanhada por um piloto experiente é essencial pra ter um dia incrível e seguro de surfe”, compartilha.

“É também preciso humildade para voltar a ser aprendiz, coragem para recomeçar e preparo para se jogar em algo que exige tanto – de dentro pra fora”, reflete Juliana, que enxerga o surfe de ondas grandes como um caminho para um futuro ainda mais alinhado com seus valores e propósito.

Juliana pegou ondas incríveis, sentiu a conexão com o mar em sua forma mais potente e teve a certeza de que estava exatamente onde deveria estar. “Foi indescritível. Voltar pra casa em êxtase, sentindo o quanto aquilo tudo representou pra mim, e a energia da galera quando voltei pra areia, é algo que vou guardar pra sempre”, emociona-se.

Cada o dessa jornada tem sido cuidadosamente planejado. Juliana conta com o acompanhamento de profissionais, que inclui nomes como o treinador Edilson Gomes e o big rider Vitor Faria, responsáveis pelos treinos específicos de tow-in. No preparo físico e respiratório, ela é orientada pela profissional Daniela Felippelli, com quem realiza treinos de
LPF (Low Pressure Fitness) e apneia. Para manter o corpo forte e funcional, também conta com o pilates de Gabriela Lima, treinos de surfuncional com Marcelo Patezi e conta com a videomaker Patti Silva.

Com organização, planejamento e uma vontade incansável de aprender, Juliana começa a
trilhar seu caminho nas ondas grandes. Agora, ela mira em outros picos icônicos do surfe de ondas grandes no Brasil, entre os destinos que estão em seu radar estão a Laje da Jagua, o Farol de Santa Marta, o litoral do Rio de Janeiro e do Espírito Santo, além de ondas internacionais como em Portugal, Havaí e Peru. Mas ela não quer trilhar essa jornada sozinha.

“Quero viver isso com meus filhos por perto, levando-os juntos nessa jornada. Ser mãe e
surfista não são papéis que se excluem — eles vivenciarem essa rotina de surfe e viagens são forças que se somam e me motivam”.

Juliana representa uma geração de mulheres que não está interessada apenas em marcar
presença, mas em construir legado como mãe e mulher no esporte, incentivando e mostrando que é possível unir e equilibrar todos os desafios. E sua trajetória no tow-in é apenas o início de uma história que promete muito mais.